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USP oferece tratamento de fotoneuromodulação para sintomas negativos da esquizofrenia

Por Sílvia Haidar

O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq-HCFMUSP) oferece a pessoas diagnosticadas com esquizofrenia um tratamento gratuito com fotoneuromodulação.


O procedimento é indolor, realizado com o paciente acordado, feito com um aparelho que emite luz infravermelha e fica posicionado na cabeça, na região da testa, onde fica o córtex pré-frontal dorsolateral. Cada sessão dura 20 minutos –no total, são feitas 20 aplicações, de segunda a sexta.


“O objetivo é melhorar os sintomas negativos da esquizofrenia, que são aqueles relacionados com a capacidade de interação social, como a dificuldade de expressar emoções, apatia, problemas na fala e falta de prazer nas atividades cotidianas”, diz Leandro Valiengo, psiquiatra e coordenador do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação (SIN) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.


A esquizofrenia é um transtorno mental grave caracterizado por distorções no pensamento e afeta cerca de 23 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).


A doença costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. Com o tratamento adequado, as pessoas afetadas podem voltar a ter uma vida social e produtiva.


Valiengo explica que os sintomas positivos da doença são os mais conhecidos, como delírios (pensamentos que não correspondem à realidade, como a convicção de que está sendo perseguido) e alucinações (percepções falsas, como ouvir vozes).

“A medição consegue melhorar muito os sintomas positivos, mas não atua nos sintomas negativos”, afirma.


O tratamento com fotoneuromodulação faz parte de um projeto de pesquisa do SIN. “A fotoneuromodulação já foi usada em outras condições, mas nunca na esquizofrenia. Temos relatos principalmente em depressão, alguns relatos em casos de Alzheimer, e também foi usada de forma periférica para estimular os tecidos, o joelho, a articulação, para dor“, conta.


O aparelho utilizado nas sessões foi produzido por uma empresa brasileira e começou a ser usado no Hospital das Clínicas para tratar a dor crônica.


Esse equipamento é posicionado na região da testa para ativar as funções dessa área. “As ondas emitidas estimulam a atividade energética do neurônio”, afirma Valiengo.


“A região pré-frontal é a área mais desenvolvida nos humanos, é a grande diferença que temos de outros animais. Então muitas das nossas funções cognitivas superiores são associadas a essa área. Por exemplo, a função executiva, que envolve planejamento, organização, tomada de decisões, a memória de trabalho para execução de tarefas. Além disso, algumas áreas da região pré-frontal estão associadas à personalidade e à inibição de comportamento, o seu freio social”, revela.


O mau funcionamento do córtex pré-frontal dorsolateral leva aos sintomas negativos da doença.


Neuromodulação
O psiquiatra Leandro Valiengo faz uma simulação de como o aparelho é posicionado na cabeça do paciente (Divulgação)

“Para que a gente possa observar a evolução nessa área, a pessoa vai fazer três ressonâncias magnéticas: a primeira antes de começar o tratamento, a segunda no meio e terceira no final”, diz.


Além dos exames de imagem, os pacientes serão acompanhados por um psiquiatra e uma neuropsicóloga.


Os pacientes serão chamados duas semanas após o fim do tratamento e, novamente, depois de dois meses para que os médicos possam avaliar o progresso.

Para participar é preciso ter entre 18 e 55 anos, ser diagnosticado com esquizofrenia e estar com a medicação psiquiátrica estável.


Segundo Valiengo, não há efeitos colaterais nem contraindicação. “Só não é possível realizar em pacientes que têm contraindicação à ressonância, como placa de metal na cabeça, marcapasso cardíaco, ou uma fobia relacionada ao exame”, afirma.


Neuromodulação no Hospital das Clínicas Onde Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, rua Doutor Ovídio Pires de Campos, 785, 2º andar, Cerqueira César, na região central de São Paulo Quando 20 sessões seguidas, de segunda a sexta, em dias úteis (duração de um mês) Inscrição a triagem é feita exclusivamente pelo email pesquisa.esquizofrenia@gmail.com Preço gratuito


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