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França propõe 10 sessões de terapia gratuitas a crianças e adolescentes por conta da pandemia

Famílias deverão procurar psicólogos ou psiquiatras ao notar sinais de depressão ou ansiedade.



Presidente da França, Emmanuel Macron, conversa com criança durante visita a Departamento de Psiquiatria Infantil na quinta-feira, 4 de abril de 2021 — Foto: Christian Hartmann/AFP

Diante do alerta de especialistas para o aumento de crises de ansiedade provocadas pela longa pandemia de Covid-19, o governo francês anunciou um pacote de dez sessões gratuitas de terapia para crianças e adolescentes de 3 a 17 anos de idade. As famílias são incentivadas a procurar psicólogos e psiquiatras se notarem sinais de depressão nos menores.


"Hoje temos um problema de saúde que atinge nossas crianças e adolescentes, e que se soma à epidemia”, declarou o presidente Emmanuel Macron, durante reunião com profissionais do serviço de psiquiatria infantil de um hospital de Reims, no leste da França. Macron visitou a unidade na última quarta-feira (14) e aproveitou a ocasião para lançar um plano de apoio aos menores estressados pela pandemia.


O pacote vai permitir o reembolso de 100% dos gastos com dez atendimentos psicológicos para crianças e adolescentes de 3 a 17 anos durante a crise. As despesas serão assumidas pela Seguridade Social francesa, o equivalente ao SUS no Brasil. Em janeiro, o presidente anunciou uma ajuda de sessões de terapia para estudantes.


Quatro em cada dez pais disseram ter observado sinais de ansiedade em seus filhos durante o primeiro lockdown (de março a junho de 2020), em particular devido às restrições do isolamento e à falta de relações sociais provocadas pelo fechamento das escolas.


Diante do aumento da demanda de ajuda, os serviços de psiquiatria infantil de Reims ficaram sobrecarregados. Por mais de três horas, Macron conversou com profissionais e pacientes, incluindo uma adolescente hospitalizada por depressão.


"Do que você mais tem medo?", perguntou Macron à jovem. "De um novo lockdown" devido à Covid-19, ela responde. "Estamos fazendo de tudo para" evitar isso, disse Macron, tentando tranquilizá-la. "Sim, gostaria de sair, ver os meus amigos, porque ficar trancada em casa não é nada fácil", testemunhou a jovem.


"É algo que não vimos no primeiro isolamento, a ansiedade entre os mais jovens", disse Macron, citando um aumento de 40% nas emergências pediátricas.

Depressão, distúrbios alimentares e problemas escolaresDe acordo com a chefe do serviço de psiquiatria infantil de Reims, Anne-Catherine Rolland, os pedidos de consultas dobraram desde setembro por "depressão, distúrbios alimentares e problemas escolares". Ela se queixou ao presidente da falta de pessoal especializado para tratar desses casos.


Pesquisas do Ministério da Saúde realizadas no ano passado mostram que a proporção de franceses que relatam ansiedade ou depressão aumentou drasticamente desde o primeiro período de isolamento, no primeiro semestre de 2020, e se manteve em um nível elevado desde então, afetando quase um terço (31%) da população.


O impacto psicológico do isolamento nos jovens é um dos elementos que levaram Macron a decretar o último lockdown o mais tarde possível desde o aumento dos contágios em fevereiro-março.


Um estudo chinês, citado pela rádio France Inter, acompanhou 2.300 alunos do ensino fundamental. Depois de 30 dias de isolamento, 37% das crianças estavam com medo de serem infectadas, 22% manifestavam sintomas depressivos e 19% demonstravam sintomas importantes de ansiedade. Já os adolescentes chineses apresentaram sintomas depressivos e de ansiedade em torno de, respectivamente, 43% e 37%.


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